sábado, 23 de fevereiro de 2008

MISÉRIA NA ALEMANHA...


Meu nome é Rita Bauer, sou casada e tenho dois filhos. Agora vou contar um pouco sobre nossa vida na Alemanha.
Morávamos na Baviera, e residíamos em uma pequena cidade chamada Kirchzell.
Vivíamos em uma pequena casa estilo enxaimel e parte de madeira. A casa tinha somente três cômodos, os quais eram dois quartos e na parte de madeira que ficava fora de casa havia um banheiro.
Não tínhamos jardim, apenas uma horta na qual plantávamos e colhíamos batata e milho.
Cada um deles era plantado em épocas diferentes, por tanto quando era época de batata a comíamos, e tentávamos fazer diversas receitas com o mesmo ingrediente, quando começava a colheita de outra verdura armazenávamos o que sobrava de batata e guardávamos para o inverno.
Nossa vida era quase miserável, mal tínhamos dinheiro para nos alimentarmos e comíamos, todavia a mesma coisa.
O nosso país vivia em miséria, poucos tinham muito e muitos tinham pouco.
O inverno era a pior época do ano! Além de ter pouca comida, passávamos frio, pois o governo não permitia a retira de árvore para nos esquentarmos e nem mesmo para o forno a lenha.
A situação em que vivíamos em nossa região era a mesma em toda a Alemanha, e muitos tinham a esperança de mudar para um mundo melhor onde teríamos comida, não passaríamos frio e menos necessidades.
Era época de inverno, todos estavam com frio e passando fome, meu filho mais novo Algustin estava muito doente e não sabíamos o que fazer.
Para mim era angustiante ver meu filho morrer aos poucos, sem poder fazer nada e tendo cada dia mais certeza de que ele não teria chance de sobreviver.
Cada dia passávamos mais fome e já não sabíamos o que fazer.
Foi então que recebemos a proposta de uma nova vida, uma vida longe da miséria e do frio.
Resolvemos aceitar e dia três de abril 1850 embarcamos em um enorme navio a vapor, que nos levaria até o Brasil.
Não tínhamos outra escolha a não ser partir para um país onde teríamos chance de ter uma vida melhor, se continuássemos a viver em Kirchzell morreríamos de fome e frio.
O vapor partiu e víamos de longe a miséria do lugar onde morávamos, em busca do paraíso.
Nossa vida não era boa, com certeza no Brasil seria melhor.
A caminho de uma nova vida, conhecemos várias pessoas que viviam na mesma situação que a nossa e acabamos ajudando umas às outras durante a viagem. Tudo parecia bom, apenas o navio não estava em bom estado e ficávamos todos separados, os homens ficavam em uma ala, as mulheres e as crianças em outra.
Duas semanas se passaram, e meu filho Algustin já estava muito doente e não conseguia mais andar. Vimos que ele morreria antes de chegarmos ao Brasil, minha angústia aumentava a cada dia. Depois de resistir a mais uma semana, ele morreu. Não sabíamos de que, mas tivemos que jogar seu corpo no mar para sua doença não contagiar outras pessoas. Foi doloroso saber que nunca mais o veria, preferia ter morrido e sofrido em seu lugar. Outras pessoas também morreram e todas as vezes que seus corpos eram jogados ao mar eu lembrava de meu Algustin.
Após um mês, recebemos a notícia de que estávamos chegando ao Brasil, faltavam dois dias para aportar em um pequeno lugar chamado colônia de Ithajai, isso se nenhum imprevisto acontecesse, como uma tempestade em alto mar que faria nosso navio levar mais cinco dias, pois teria que aportar no porto mais próximo.
Nossa viagem foi péssima, ocorreram muitas mortes, a comida armazenada no porão já havia acabado e a bebida estava no fim.
Após dois dias sem comida, e bebendo pouca água chegamos na colônia de Ithajai. Quando desembarcamos do navio, nos decepcionamos, afinal diziam que aqui era o paraíso, mas ainda assim era melhor do que o lugar onde vivíamos.
Só vimos mato e perto do rio havia algumas casas.
Abrigamos-nos na casa da família Schmitz. Eles nos deram comida e abrigo, durante o tempo em que meu marido Johann construía nossa casa.
Após ela ficar pronta, pegamos nossos pertences, que já não eram muitos e fomos para nossa nova casa. Descobrimos que havia uma grande diversidade de verduras que poderíamos plantar para comer.
Quatro anos depois, meu filho Henry casou-se com a menina Hellmtraud e eu e meu marido pegamos o rio e fomos para um outro vilarejo que também pertencia à colônia de Ithajai, um lugar que mais tarde foi chamado de Brusque. Foi ai que a vida começou a melhorar, Johann e eu montamos uma pequena venda, onde vendíamos tecidos e mercadorias que comprávamos no porto de Ithajai.
Em nossas viagens para a Colônia, aproveitávamos para visitar nosso filho Henry, sua esposa e meu neto.
Era difícil se acostumar com a cultura de um novo país, principalmente com a língua que tivemos que aprender pouco a pouco. Nossa venda aumentou, juntamente com o vilarejo em que morávamos. Cada vez mais vinham imigrantes da Alemanha para cá.
Com o crescimento da venda enriquecemos e construímos uma casa maior e com móveis mais confortáveis. Eu poderia dizer que era a casa que eu sonhava, tinha dois andares, um grande jardim e com um enorme chafariz.
Assim posso dizer que conquistei meu próprio paraíso, penso que minha vida aqui é melhor do que a que levava na Alemanha, posso afirmar que aqui eu sou completamente feliz apesar do sofrimento que passei na Alemanha, na vinda para o Brasil e principalmente com a perda de meu filho.
Texto escrito por um grupo de alunos da 7ª Série do Potencial. Turma de 2005. Marcela Mortitz e Mariana Schmitz eram as líderes do grupo.

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